

A Lenda do Guaraná

A Lenda da Mandioca

A Lenda do Pirarucu
Curumins e Cunhantãs
A Sala Curumins e Cunhantãs é um passeio ideal para crianças, professores e alunos.
Com ludicidade até a menor das pessoas consegue conhecer e se encantar pelas crenças amazônicas em torno da cultura alimentar.
Curumim é um termo, de origem tupi, usado para se referir aos meninos indígenas, ou para as crianças indígenas em geral, e Cunhantã é utilizado como sinônimo de "menina" ou "moça". Para esses, as narrativas sobre as coisas - que chamamos de lendas - serviam para que pudessem conhecer o mundo ao redor e formassem seu caminho até a idade adulta.
Ilustrações de Talita Almeida do Rosário. Ananindeua, Pará, 2023.
Roteiro para docentes aqui.

Na tribo dos Uaiás, no sudoeste da Amazônia, nasceu um índio chamado Pirarucu, que mais tarde se tornaria um grande e forte guerreiro. Pirarucu era filho de Pindarô, chefe dos Uaiás e conhecido por sua bondade. Pirarucu, porém, não herdou do pai o bondoso coração. O rapaz era cheio de vaidade e egoísmo; vivia se vangloriando de sua força e poder; e ainda reclamava dos deuses.
Certa vez, enquanto seu pai visitava outras tribos, Pirarucu capturou índios de sua própria tribo e os matou sem motivo algum. Essa maldade foi a gota d’água para Tupã, o mais poderoso dos deuses, que então enviou fortes torrentes de chuva sobre Pirarucu, quando este pescava com outros índios. O jovem, porém, não se abalou com as águas que Tupã enviava, e ainda zombou dos deuses com palavras de desprezo.
Por isso, Tupã chamou Xandoré, divindade que odeia os homens, e ordenou-lhe que atirasse raios e trovões sobre Pirarucu. Ao ver o perigo que corria, o guerreiro tentou escapar, mas foi acertado por um raio bem no coração. Mesmo assim, Pirarucu não se arrependeu nem pediu perdão. Foi então que os outros índios viram Pirarucu, ainda vivo, ser transformado num gigante e escuro peixe e levado para as profundezas do rio; de onde nunca mais voltou
Vamos escutar a história?

A lenda do Pirarucu. Fonte: Embrapa Pesca e Aquicultura. https://www.embrapa.br/contando-ciencia/arvores/-/asset_publisher/Zd2bjD3HpAAC/content/o-maior-peixe-de-rio-do-mundo/1355746?inheritRedirect=false acessado em novembro de 2023.
Na Literatura sempre tem muito do que se alimentar...
Alimentação e Literatura




Você sabia que o bolo de macaxeira era “prato” natalino em algumas famílias no Pará?
Como não lembrar do conto de Jacques Flores, intitulado “O bolo de Natal da Família Malagueta”? Todo o conto gira em torno de um bolo de macaxeira feito para o Natal da família. Um belíssimo bolo de Macaxeira de Natal, feito por Tereza Malagueta, a Tetê e sua prima Felismina do Rosário, a Filóca. Em seu conto, Jaques Flores nos coloca um hábito importante do Natal em muitas famílias: o bolo de macaxeira que era feito para o Natal.
Assim: “Quando Tereza Malagueta, a Tete, e sua prima Felismina do Rosário, a Filha notaram que o bolo de macaxeira, por elas feito para a noite de Natal, estava com gosto de querosene, a sereia da Pará Eletric acabava de apitar as seis horas da tarde”. (1) Elas então, entenderam que: “Pulchéria, a mandado de Tete, lixara a forma de bolo e, para melhor ficar a limpeza, untou-a de querosene, esquecendo-se, porém, de tirar o inflável líquido com uma forte lavagem de sabão”.(2) Resolveram então, as Malaguetas convidar as Machados para irem tomar um chá pelo Advento do Natal, assim: “Tete (…)escreveu um cartão às Machados, convidando-as a virem tomar, em regozijo da noite de Natal, uma chavena de água quente e comer um pedaço de pão “.(3)

A ilustração, feita pela talentosa Talita do Rosário, teve curadoria histórica e ilustra parte importante da mesa posta de Natal, da casa da família Malagueta, quando:
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“A Pulchéria, vagarosa e sonolenta, jorrava, dum bule esmaltado, o quente e cheiroso chá nas xícaras dos presentes. Sobre a mesa, coberta de pratos cheios de biscoitos baratos, via-se, além duma compoteira com doce de coco, bem na direção das Machados, numa tentação irresistível, o malfadado bolo, que ali representava o pomo da vingança”.(4)
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Atente para cada item na imagem. Será que algum desses está presente na mesa da cozinha de sua casa?

"Então, a hora da vingança das Malaguetas chegou e “Tete, então, muito gentil, cortou duas grossas fatias do indesejável bolo e, sorridente, como que goleando, antecipado, o êxito da maldade, pô-las uma em cada pires das Machados”. (5)
Referências:
(1) (2) (3) (4) (5) Flores, Jaques. Obras Recolhidas de Jaques Flores. Belém: CEJUP, 1993. p, 162,163,164.
Ilustrações de Talita Almeida do Rosário.
Você pode observar a imagem a seguir. Com destaque ao bolo de macaxeira, o bule esmaltado e a compoteira de doce de coco.

Brincando com a comida e com...
Brinquedos de Miriti

Amassadeira de Açaí em Miriti
Parte importante da cultura da região de Abaetetuba-PA...
Os brinquedos de miriti com figuras humanas de pescadores, trabalhadores, animais, barcos são também poderosos reflexo da cultura alimentar do Pará. A amassadeira de açaí, a casa de farinha, o forno, os barcos e igarités carregados de frutas, peixes e farinha que aportam em todos os cantos do Pará são reproduzidos nos brinquedos de miriti.
